Danilo Gentili: 'Pergunto no teatro quem vota no PT para garantir que não levaram uma faca'

  • Por Jovem Pan
  • 03/10/2018 14h42
Jovem Pan

Enquanto o Brasil se prepara para o primeiro turno das eleições no próximo domingo (7), Danilo Gentili só quer fazer piada com tudo e todos. Oito anos depois do show Politicamente Incorreto, disponível na Netflix e um dos grandes sucessos de sua carreira, o humorista volta aos palcos para uma nova versão do espetáculo, que será apresentada nesta quinta-feira (4), em Curitiba, e transmitida ao vivo pelo Facebook.

“Nesse show, eu vou zoar todos. Vou zoar fortemente o Bolsonaro, a Manuela D’Ávila, o Haddad”, disse o comediante em entrevista exclusiva ao Pânico nesta quarta-feira (3). “Nos testes [das piadas], o pessoal gosta quando falo do Ciro e do Amoedo, mas é difícil fazer piada com o Amoedo”, confessou. O apresentador do The Noite também antecipou alguns assuntos que vai usar para tirar sarro de Jair Bolsonaro. “Vou falar da facada, do kit gay, das coisas que ele fala”, adiantou.

Após o sucesso do show Politicamente Incorreto antes das eleições presidenciais de 2010, muita gente sentiu falta de uma segunda versão do espetáculo em 2014. “Um dos motivos por que não fiz o show em 2014 é que eu estava muito focado nas eleições, estava preocupado com uma vitória do PT, o show acabou virando mais um discurso”, explicou.

Oito anos depois, o humorista vê o público atual muito diferente daquele que viu seu show em 2010. “No primeiro show, quem votava na Dilma ria de piada dela, quem votava no Serra ria de piada dele”, lembrou. “Agora, tenho que perguntar na porta quem vota no PT, para garantir que não levaram uma faca pro teatro”, disse. “As coisas estão fora de ordem, todo mundo está se matando por política. A gente tem que se unir e xingar juntos, o papel do comediante é zoar os políticos.”

Anti-PT

Independentemente do resultado das urnas, Gentili promete continuar tirando sarro de tudo e de todos. “Se o Bolsonaro ganhar a eleição, eu vou continuar zoando o Bolsonaro. Se o Haddad ganhar, vou continuar zoando o Haddad, apesar de achar que vai ser um pouquinho mais complicado”, prometeu. “O plano de governo dos caras [do PT] é mudar a Constituição. A opção mais anti-democrática hoje é o Haddad, sem dúvida nenhuma”, cravou.

Apesar de garantir fazer piada com todos, o comediante diz que apenas dois partidos parecem se incomodar com ele. “Hoje eu sou processado politicamente só por PT e PSOL. Eu brinco com todo mundo, mas só esses me dão processos”, disse. “No Troféu Imprensa do ano passado, o Silvio Santos me chamou no palco para me entregar um troféu e disse que o governo liga no SBT todo dia pedindo para me mandar embora”, lembrou. Mas a perseguição de políticos vem desde o extinto CQC, programa no qual Danilo Gentili estreou na TV. “Na época do CQC, o Renan Calheiros me encontrou num elevador, apontou para mim e falou ‘você vai ver’.”

Sem abrir o voto, o humorista diz entender por que Jair Bolsonaro está liderando todas as pesquisas de intenção de voto. “O Bolsonaro é o único que tem um discurso diametralmente oposto ao que está aí nos últimos 12 anos. PT e PSDB é a mesma coisa, o Bolsonaro apareceu com outro lado e manteve”, explicou. “O Brasil está num ponto muito crítico de violência, a educação está péssima. Tem que ter um maluco no pedaço para resolver uma situação maluca.”

Apesar disso, Danilo Gentili garante não compactuar com nenhum extremismo. “Tenho um viés de direita, mas sou uma coisa que transita entre o centro e a direita, depende do assunto”, disse. “Eu tenho pavor do Estado, e a esquerda gosta de Estado. Quando vai muito para a direita, também tenho medo. Quanto mais liberdade, melhor”, definiu o apresentador.

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